Formigas

As formigas são insetos sociais que vivem juntos em colônias. Pertencem à Ordem Hymenoptera, mesmo grupo em que se encontram as vespas e abelhas. Existem várias famílias de vespas e várias de abelhas, no entanto todas as formigas estão agrupadas em uma única família, a família Formicidae.

Mesmo assim, as diferenças de biologia e comportamento entre as diferentes espécies de formigas são acentuadas, variando desde a formiga doméstica, comum de se encontrar dentro de residências, infestando áreas alimentares, até em hospitais, contaminando soro fisiológico e outros equipamentos até a formiga eminentemente rural, especializada em cortar folhas e outras partes vegetais para garantir a sua sobrevivência.

Fique sabendo:

  •  As formigas são insetos sociais.
  •  São verdadeiramente sociais ou eusociais.
  •  Distribuem-se por todos os continentes com exceção dos polos.

Para entender melhor a diferença entre cada uma destas formigas e podermos traçar um plano de ação consistente para o seu controle, necessitamos conhecer a biologia e comportamento das formigas.

Podemos reconhecer uma formiga dos outros himenópteros pela presença de uma antena em forma de cotovelo, e pela presença de uma cintura, que pode ter um ou dois segmentos, também chamados de nós.

A classificação das formigas começa pela seguinte tabela:

Estes insetos distribuem-se por todos os continentes com exceção dos polos. Estima-se que existam por volta de 18.000 espécies de formigas sendo que 10.000 já foram descritas. No Brasil ocorrem aproximadamente 2.000 espécies sendo que somente de 20 a 30 são consideradas pragas. As demais são extremamente benéficas. Elas dispersam sementes contribuindo para o reflorestamento de muitos ecossistemas, como o Cerrado, a Mata Atlântica, a Caatinga e os Campos; promovem a germinação das sementes, pois removem a polpa dos frutos; fazem a poda de algumas plantas promovendo seu crescimento vegetativo; exercem importante papel na aeração do solo; incorporam matéria orgânica à terra tornando-a fértil; são predadoras de diversos artrópodes, muitos deles pragas agrícolas, além de serem predadoras de outras espécies de formigas.

Vida Social

 Todas as espécies de formigas são verdadeiramente sociais ou eusociais, assim como os cupins. Por outro lado, nem todas as espécies de vespas e abelhas são verdadeiramente sociais; algumas possuem hábito solitário. Um inseto é denominado social ou eusocial pela sobreposição de gerações, pela divisão de tarefas e pelo cuidado com a prole. A divisão de tarefas está associada com a presença de diferentes castas dentro da colônia. Existem a casta das operárias e a casta dos reprodutivos (rainhas e machos).

As operárias são as formigas que estamos acostumados a ver. Elas são todas fêmeas, não possuem asas e são estéreis; desempenham ainda todas as funções dentro da colônia que também é chamada de formigueiro. Dentre estas funções citam-se: escavação e limpeza do ninho, procura de alimento, também chamada de forrageamento, alimentação das larvas e rainha(s), alimentação de outras operárias, defesa da colônia, etc. As operárias vivem de dois a três meses e durante toda sua vida trabalham em prol da colônia.

Em algumas espécies de formigas podemos observar, dentro da casta de operárias, indivíduos com a cabeça desproporcionalmente maior e de tamanho mais avantajado em relação as outras operárias. Estas operárias são denominadas soldados e possuem a função de proteger a colônia de inimigos. Apesar de terem este nome são também fêmeas.

Quando ocorre diferenciação de tamanho e forma no corpo das operárias de formigas diz-se que a espécie é polimórfica. Quando as operárias são do mesmo tamanho são chamadas de monomórficas.

Em algumas épocas do ano colônias maduras produzem um grande número de indivíduos alados conhecidos como reprodutores. Muitas vezes os reprodutores são confundidos com os siriris e aleluias que são cupins. As formigas aladas podem então ser diferenciadas dos cupins comparando-se algumas estruturas. As formigas apresentam cintura enquanto os cupins apresentam a mesma largura do corpo, do começo ao fim. Tanto as formigas quanto os cupins têm quatro asas, porém, nas formigas as asas anteriores são maiores que as posteriores enquanto nos cupins todas as quatro asas são do mesmo tamanho. Finalmente as antenas das formigas têm forma de cotovelo, enquanto as dos cupins são retas.

A casta dos reprodutores é caracterizada pelas rainhas e machos. As rainhas são responsáveis pela postura dos ovos e são os maiores indivíduos da colônia; possuem asas para fazer o voo nupcial, isto é, para o encontro com os machos, cuja cópula ocorre em pleno voo. Uma vez fecundadas elas procuram um local adequado para fundar um novo ninho e, nesta fase, cortam as asas com as mandíbulas e auxílio das pernas posteriores.

Na maioria das espécies de formigas apenas uma rainha é encontrada dentro da colônia e uma vez morta, o formigueiro também morre. Neste caso a espécie é denominada monogênica, com a presença de somente uma rainha fecundada. Entretanto em algumas espécies, especialmente as domésticas, várias rainhas fecundadas podem ocorrer dentro de um único formigueiro. Neste caso a colônia é poligênica, isto é, com várias rainhas. A longevidade da rainha é longa. Rainhas de saúvas podem viver até vinte anos, enquanto rainhas de formigas domésticas vivem aproximadamente 2 a 4 anos.

Os machos também são alados, porém são menores que as rainhas. Sua função é unicamente reprodutiva e têm vida curta.

A identificação é feita observando-se as operárias. O corpo de uma formiga é dividido em cabeça, mesossoma, cintura e gáster. O mesossoma corresponde ao tórax dos outros insetos e o gáster ao abdômen. As características principais para identificar um gênero de formiga são o número de nós na cintura (um ou dois) e o número de segmentos nas antenas. As cores variam muito dentre as espécies e não são uma boa característica de identificação.

Ciclo de Vida

As formigas apresentam metamorfose completa isto é, as fases de desenvolvimento passam pelo ovo, larva, pupa e adulto. Os ovos são de tamanho microscópico e por isso, difíceis de serem visualizados a olho nu. As larvas, que não possuem pernas e são de coloração esbranquiçada, passam por vários estágios que também são denominados ínstares. O número de ínstares pode variar de 3 a 5. Uma larva eclode de cada ovo sendo esta bastante pequena neste estágio. Após alguns dias, dependendo da quantidade de alimento que a larva recebe e da temperatura, a larva sofre muda, isto é, troca de pele e passa para um segundo estágio, um pouco maior que o primeiro. Neste período é que ocorre o crescimento do inseto.

Após o último estágio a larva para de se alimentar e entra em um estágio denominado pupa. Algumas espécies de formigas apresentam uma pupa coberta por um casulo de seda, enquanto outras assemelham-se com o adulto, porém com a cor branca. Neste estágio a formiga além de não se alimentar, também não anda. Depois do estágio de pupa emerge a formiga adulta que são as formigas que vemos andando por todo lado. Rainhas e machos nascem também da mesma maneira. Uma vez atingindo a fase adulta a formiga não mais crescerá.

Formação de uma nova

A fundação de uma nova colônia pode se dar pelo voo nupcial ou pela fragmentação da colônia. Ocorre voo nupcial quando a colônia já é madura. Rainhas e machos partem de diferentes colônias e copulam em pleno voo. A rainha pode copular com até 8 machos, dependendo da espécie. Apesar de milhares a milhões de indivíduos saírem para o voo nupcial a maior parte irá morrer pois outros animais poderão comê-los, por condições climáticas adversas ou simplesmente porque as rainhas não encontrarão local adequado para iniciar um novo ninho. Caso a rainha tenha sucesso e encontre um local adequado, ela irá escavar uma pequena câmara e se fechará nela para sempre. Esta rainha iniciará a postura dos primeiros ovos onde eclodirão as primeiras larvas.

A rainha irá alimentá-las então depositando ovos especiais de tamanho maior denominados ovos de alimentação ou ovos tróficos. Assim que as primeiras operárias emergirem estas irão abrir a câmara e iniciar o processo de procura de alimento para alimentar as larvas recém-eclodidas e a rainha. Enquanto a rainha estiver no período de fundação da colônia ela sobreviverá do metabolismo dos músculos alares que serão transformados em energia para a sobrevivência da rainha. Além disso, enquanto ela esteve sendo alimentada em sua colônia de origem, armazenou energia suficiente para sobreviver o período de fundação.

A fundação de uma nova colônia através da fragmentação ocorre também quando a densidade populacional da colônia está bastante alta. A fragmentação ocorre naquelas espécies de formigas que são poligênicas, isto é, possuem várias rainhas inseminadas dentro de uma única colônia. Rainhas, e operárias com crias partem para novos locais e fundam ali uma nova colônia. A fragmentação pode ocorrer naturalmente ou pode ser induzida quando ocorre aumento excessivo de temperatura e umidade, ou na presença de substâncias repelentes como substâncias químicas (inseticidas).