Escorpiões

Os escorpionídeos, conhecidos popularmente como escorpiões, pertencem à classe dos aracnídeos. Não são insetos, como pensam erradamente algumas pessoas. Juntamente com as aranhas, os carrapatos e os ácaros, que são seus companheiros de classe, os escorpiões pertencem ao filo dos artrópodes, que inclui, além dos aracnídeos, a classe dos insetos, dos crustáceos e outras.

Como linhagem, os escorpiões provêm de eras remotas. Seus mais antigos fósseis ocorrem em rochas formadas no Período Siluriano, cerca de 420 milhões de anos atrás. Ou seja, cerca de 200 milhões de anos antes que os dinossauros aparecessem! A linhagem à qual os escorpiões modernos pertencem surgiu no Período Carbonífero mais recente, há cerca de 300 milhões de anos. De lá para cá, os escorpiões pouco mudaram.

O maior de todos os escorpiões, em comprimento, é provavelmente o sul- africano Hadogenes troglodytes, cujos machos podem atingir até 21 cm.

Entre as espécies de pequeno comprimento, o menor dos escorpiões talvez seja o Microtityus waeringi, que mal chega a 12 mm, quando adulto.

Os escorpiões se destacam entre os aracnídeos por terem uma duração de vida que vai além de uma estação. Chegam à maturidade em 1-3 anos, e atingem normalmente um período de vida de 2/6 anos. O maior tempo de vida registrado para um escorpião chega até 8 anos.

O atributo mais notório de um escorpião é seu ferrão venenoso. Embora seja verdade que os escorpiões estejam entre os animais mais venenosos que vivem em terra, os relatos sobre seu efeito mortal são provavelmente exagerados.

Todas as espécies de escorpião são venenosas. Para os insetos, que são alimento potencial de escorpiões, todos os escorpiões são mortalmente venenosos. Entretanto, entre as cerca de 1050 espécies conhecidas, apenas um pequeno número é perigoso para os seres humanos. A maioria produz uma reação semelhante à da ferroada da abelha, que é muito dolorosa, embora geralmente não ofereça perigo de morte.

O que é e como funciona o ferrão do escorpião?

O ferrão do escorpião fica localizado na extremidade do metassoma, conhecida como “cauda”, embora não seja propriamente uma cauda, e sim a parte final do abdômen. O último anel abdominal ,o telso, constitui a base do ferrão e contém a vesícula, que tem forma globular e vai se afinando posteriormente até terminar em um espinho curvo, chamado acúleo. A vesícula contém um par de glândulas que produzem e armazenam os vários constituintes do veneno do escorpião. O acúleo é semelhante a uma agulha hipodérmica: é oco e muito fino. Cada saco glandular liga-se, através de dois canais, a duas aberturas perto da ponta, por onde sai o veneno. Ao dar a ferroada, o escorpião regula a quantidade de veneno injetado através da contração dos músculos da vesícula. Alguns escorpiões não injetam veneno algum quando cravam o ferrão.

Os escorpiões usam o ferrão para diversos fins. O mais óbvio é para dominar suas presas, que antes são agarradas firmemente pelas pinças dos palpos. Os escorpiões fazem uso do ferrão quando não conseguem matar a presa por esmagamento com as pinças. Devido ao veneno que inoculam, pequenos escorpiões com pinças fracas conseguem dominar presas até do seu próprio tamanho.

Um segundo uso do ferrão é na defesa. Através de um ferrão bem posicionado, os escorpiões podem manter afastados potenciais predadores. Apesar disso, eles são presa fácil para muitos animais, para os quais seu ferrão parece ser inócuo.

Um terceiro uso do ferrão é durante o acasalamento. Observam-se freqüentemente machos aguilhoando as fêmeas ou golpeando-as com o telso.

Parece provável que alguns escorpiões possuam feromônios que possam aumentar a receptividade da fêmea ou permitam reconhecimento de espécies durante o ritual de acasalamento.

 O VENENO

Segundo relatos clínicos, parece existirem diversos fatores que modulam a toxicidade do veneno do escorpião para humanos. Os principais fatores são: 1) a toxidez do veneno do tipo de escorpião envolvido; 2) a quantidade de veneno injetada pelo escorpião; 3) o tamanho do corpo da vítima; 4) a condição médica geral da vítima.

Devido a seu pequeno tamanho, as crianças sofrem maior risco de envenenamento grave do que os adultos. A maior parte das mortes resultantes de picadas de escorpião ocorre em crianças pequenas.

Algumas pessoas são alérgicas ao veneno dos escorpiões, da mesma forma que outras podem ser ao veneno das abelhas. Nestes casos, conseqüências muito graves, inclusive a morte, podem ocorrer rapidamente, mas não têm relação à toxicidade do veneno. Mortes ocorridas por envenenamento causado por espécies de escorpião sem importância médica resultam de choque anafilático induzido por alergia.

O veneno do escorpião compreende uma variedade de substâncias, nem todas completamente investigadas. O veneno de um único escorpião pode incluir diversas neurotoxinas, histimina, seratonina, enzimas, inibidores de enzimas, e outros compostos não identificados. O veneno pode conter ainda, sais diversos, muco, peptídeos, nucleotídeos e aminoácidos.

Foram as neurotoxinas que receberam a maior atenção dos pesquisadores. As numerosas toxinas do veneno do escorpião são geralmente consideradas como sendo específicas. Cada uma visa atingir a célula nervosa de uma determinada espécie animal. Algumas neurotoxinas podem ter sua maior atividade contra insetos, outras podem ser mais letais para moluscos, e outras, ainda, podem ser dirigidas contra células nervosas de mamíferos. Além disso, toxinas diferentes podem visar locais diferentes na célula nervosa.

O veneno de escorpiões tipo T.Serrulatus age sobre o sistema nervoso periférico. Causa dor muito intensa, com pontadas intermitantes, provoca abaixamento de temperatura do corpo e acelera a pulsação. Comumente a vítima fica prostada.

O sinal da picada às vezes não se percebe, porém a dor forte e imediata que ela provoca faz com que a vítima possa ver o animal causador. É importante saber se a picada foi produzida por escorpião ou aranha, uma vez que os sintomas das picadas de escorpião são semelhantes aos das picadas de aranhas com veneno neurotóxico.

O escorpião T. serrulatus é mais importante sob o ponto de vista médico que o T. bahiensis, por provocar mais ocorrências graves. O veneno do T. serrulatus pode não ser mais tóxico, mas este escorpião injeta, em cada picada, praticamente o dobro de peçonha injetada pelo T. bahiensis.